Godofredo Viana, pequeno município no Maranhão, tornou-se palco de um processo judicial que expõe os bastidores mais sombrios da política local. A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), protocolada na 64ª Zona Eleitoral, acusa os candidatos Márcio Heberte Viana Abreu e Karinne Silva Andrade de práticas ilícitas que vão desde compra de votos até abuso do poder econômico e político durante as eleições municipais de 2024. Márcio Heberte, apontado como sucessor do atual prefeito Sissi Viana, teria utilizado não apenas recursos financeiros de forma ilícita, mas também o peso da máquina pública para influenciar o resultado das eleições. As denúncias incluem, por exemplo, a escolta policial aos cabos eleitorais do grupo político, garantindo que pudessem agir livremente enquanto intimidavam adversários e consolidavam o esquema de captação de votos. As denúncias, documentadas em depoimentos de eleitores e evidências anexadas ao processo, revelam um esquema meticulosamente planejado para manipular o resultado das eleições. Segundo a ação, eleitores teriam recebido dinheiro, materiais de construção e até transporte gratuito em troca de votos. Algumas declarações relatam pagamentos que variaram de R$250 a R$7.000, além de ameaças de retaliação caso as ofertas fossem recusadas. O modus operandi denunciado Dentre os episódios mais emblemáticos do processo, destaca-se o relato de um eleitor que recebeu dinheiro em espécie dentro de um ônibus organizado pela campanha. A cena, digna de filmes políticos, descreve um representante do candidato distribuindo valores aos passageiros em plena madrugada. Outro depoente narrou como sua escolha foi cooptada por meio da entrega de materiais de construção para sua obra residencial, após recusar inicialmente uma oferta de R$5.000. Além disso, denúncias apontam para a instrumentalização da máquina pública. Agentes ligados à prefeitura teriam atuado como cabos eleitorais, alavancando a campanha dos investigados com uso de recursos e estrutura do município, configurando um claro abuso de poder político. As consequências para a democracia local Se comprovadas, as práticas descritas não só ferem a legislação eleitoral, mas também deslegitimam o processo democrático, violando a liberdade do voto e a isonomia entre os candidatos. Em um cenário de carência socioeconômica, o uso de dinheiro e vantagens como moeda de troca reforça um ciclo de dependência e corrupção, enfraquecendo a voz soberana da população. Embora o caso esteja sob sigilo, a repercussão local já levanta debates sobre a necessidade de reformas políticas que previnam o uso de recursos ilícitos e fortaleçam os mecanismos de fiscalização eleitoral. O desfecho dessa investigação pode marcar um divisor de águas para o futuro das eleições em Godofredo Viana. Enquanto a Justiça Eleitoral segue analisando as provas, a sociedade civil deve permanecer atenta e exigir transparência e lisura no processo. A pergunta que fica é: até quando o poder econômico e político continuará sufocando a verdadeira escolha do povo?

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